Sentenciada: avalanche deve morrer

Não há nada de errado com a avalanche. Houve um incidente que, felizmente, não teve maiores consequências e serviu de alerta. Tudo que necessitamos são bom senso e boa vontade. Arrumem a mureta, reforcem a grade, façam o que for necessário, corrijam o erro da construção, pois fica óbvio que havia algo errado com aquela grade.

Foto: Jefferson BernardesAFP
Foto: Jefferson BernardesAFP

O Grêmio passou pela LDU e conseguiu finalmente confirmar a presença da mídia esportiva gaúcha na Libertadores 2013.

Não foi fácil passar pelos equatorianos, e acho que ninguém achava mesmo que seria. Depois de muito esforço, desgaste, faltas sofridas e não marcadas, uma infinidade de passes errados e um chute certeiro de Elano, o Imortal conseguiu garantir a vaga na cobrança de pênaltis.

Terminada a partida estávamos, como se costuma dizer, nas mãos do goleiro. A classificação veio, não pelas mãos de Grohe, mas por uma canelada certeira na bola do sexto pênalti cobrado pela LDU.

Esse foi o principal fato esportivo ocorrido nos pagos gaúchos neste mês de janeiro.

No entanto, o incidente com a avalanche promovida após o gol de Elano se sobrepôs ao fato e dominou os espaços dedicados ao futebol nas rádios e TVs de Porto Alegre. A avalanche voltou ao banco dos réus do tribunal da mídia e rapidamente sentenciada: a avalanche deve morrer. Caso encerrado.

As imagens das pessoas despencando no fosso não nos permitem afirmar que a comemoração criada pela Geral do Grêmio é uma coisa totalmente segura. Mas a suposta falta de segurança não é a razão pela qual os ‘especiialistas isentos’ das redações de esporte se sentem tão incomodados, o que os incomoda é que essa coreografia tenha sido criada dentro do Grêmio. A avalanche tem a cara do Grêmio. Isso é o que lhes dói, pois eles não querem aceitar que o Imortal tenha cara, ou seja, que tenha identidade própria e inconfundível. Não se cansam de acusar a Geral de ser uma imitação de torcidas argentinas, mas jamais gastaram uma linha de jornal ou minuto de rádio para denunciarem a imitação barata e descarada que a Popular faz da Geral. Oh santa imparcialidade!

Executada centenas de vezes ao longo de anos no Monumental, a avalanche por si mesma não apresenta riscos maiores. Nem é preciso gastar muito tempo para concluir que o problema havido na Arena foi com a grade de contenção, frágil demais para suportar o peso das pessoas que nela confiaram e se apoiaram. Corrigido o problema estrutural (é assim que se diz?) daquela porcaria de grade que OAS botou ali, a avalanche tende a ser tão inofensiva quanto era e ainda continua sendo no Monumental.

Mas a vontade de acabar com a avalanche, uma marca registrada do Tricolor, uma forma de comemoração que, no mundo inteiro, é reconhecida como coisa de gremista, é maior do que a vontade de ajudar a encontrar uma solução.

Não há nada de errado com a Geral. O que há são pessoas de comportamento inadequado que frequentam a Geral. Retirem-se essas pessoas do estádio e tudo vai ficar bem. Proibir a Geral na Arena porque alguns de seus componentes não sabem se comportar e se tornam agressivos é tão correto quanto proibir o trânsito de veículos nas ruas porque alguns condutores bebem e não sabem se comportar no trânsito.

Não há nada de errado com a avalanche. Houve um incidente que, felizmente, não teve maiores consequências e serviu de alerta. Tudo que necessitamos são bom senso e boa vontade. Arrumem a mureta, reforcem a grade, façam o que for necessário, corrijam o erro da construção, pois fica óbvio que havia algo errado com aquela grade.

O Grêmio é imortal e não vai deixar de existir caso a avalanche seja mesmo proibida na Arena, mas acabar com avalanche seria matar um pouco mais do que ainda resta de beleza no futebol, tão violentado pela pressão do interesse capitalista. O futebol se tronou um grande negócio, capaz de movimentar bilhões de euros, clubes já não têm mais identidade, alguns usam camisas com as cores do patrocimador ao invés das suas próprias, jogadores já não têm mais identificação com clube algum e os clubes já não possuem mais as suas próprias caras. O Grêmio ainda tem cara e a avalanche é a cara do Grêmio, por isso a mídia decidiu: a avalanche deve morrer

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